07.11.2013

Eu voltei do Pará há 4 meses, mas ainda não tinha tido coragem de editar as fotos e montar esse post. A bem da verdade é que aconteceu tanta coisa nesse tempo que fiquei com um certo cansaço. Fiquei doente, fui assaltada, tive uma alergia forte no olho e morri de saudade de casa. E não tem forma melhor de começar esse post dizendo: Belém me fez pensar na diversidade e em como o Brasil pode ser considerado realmente “mil Brasis”. É uma cidade cheia de encanto e cada minuto lá foi apreciado, com um misto de fascinação e  estranhamento. Dizem que viajar é se deparar como o novo e conhecer novas culturas, certo? Mas eu realmente não imaginei tanto. Tudo é muito diferente, o ritmo é outro. Acompanhe então esse relato da minha experiência conhecendo Belém do Pará.


Quando eu pensava em Amazônia logo me vinha a mente o Amazonas, Acre, Roraima, mas nunca pensei em Belém, nunca pensei no Pará. Acho que esse é um estado um tanto quanto injustiçado nesse ponto, pois pouco sabemos sobre ele e pouco ele sabe sobre nós. Esse estranhamento cultural e geográfico se dá de tantas formas que visitar Belém foi como conhecer um outro país. Eu nunca me senti tão diferente e tão distante. Por isso voltar para casa foi delicioso, o que não significa que uma parte de mim não tenha ficado em meios aqueles rios monstruosos.

O motivo da minha viagem foi um evento acadêmico, por isso acabei passando em torno de 7 dias na cidade. Eu poderia ter ido para outros lugares nos arredores, mas algumas coisas me impediram de explorar tanto. A primeira delas é que fui assaltada em frente a uma delegacia que sequer quis fazer o registro da ocorrência. Perdi meus documentos, meu dinheiro e precisei passar 1 dia inteiro no banco para tentar resolver a situação antes de voltar para casa.

A segunda situação é que toda vez que eu pensava em entrar em um daqueles barcos para ir até ilhas vizinhas eu tinha um certo ataque de pânico. Tudo era tão rústico e um tanto quanto ~precário~ que eu tinha a sensação que o barco iria desmontar no meio do rio e eu ia morrer afogada. Por isso acabei adiando várias vezes até o dia de ir embora, então já não dava mais tempo mesmo. Por isso fiquei apenas com as memórias do que conheci, um pouco embaralhadas com as experiências negativas e um certo medo que me acompanhou por quase toda a minha estadia na cidade.

O fato de ter tido algumas experiência negativas e me sentido tão desamparada em Belém não significa que não haja lugares maravilhosos. O Mangal das Garças é um exemplo disso. Um parque ecológico que preserva muitas espécies da região amazônica, inclusive um borboletário. O fato de eu ter pavor de lagarta e ter entrado em um borboletário merece destaque. A inocente aqui fez o favor de armar um escândalo saindo correndo por todo o parque assim que se deparou com a primeira lagarta empalhada na parede. Acho que é uma experiência que denota bem porque me senti tão diferente na cidade, natureza e eu nem sempre somos boas amigas.

Esse parque fica localizado na região do centro histórico de Belém que também é fascinante. Prédios coloridos com uma certa arquitetura clássica decadente e cheia de musgos tem um charme próprio. Soma-se isso a museus incríveis com histórias e personagens que não chegam até o outro extremo do país também foi algo memorável. O acesso a cultura em Belém é bastante amplo, não pagamos para entrar em quase nada e achamos muitas coisas maravilhosas.

O meu lugar favorito na cidade foi o Mercado ver o peso. Eu já sou apaixonada por um mercado popular, mas assim, praticamente a céu aberto e com polpa de fruta sendo vendida a R$1,00, não dá para comparar. Tudo é absurdamente maravilhoso. O cheiro, os sons… Todas as especiarias da Amazônia sendo oferecidas por preços ridiculamente baixos. Cerâmicas então? uma piada. Barato que faz até pensar quem está sendo tão explorado para um produto estar a um preço tão acessível.

Questionamento à parte, cheguei a ir no Ver o peso umas duas vezes e gostaria de ir novamente muitas outras. De tudo que vivi essa é a experiência que mais vai me deixar saudade, além da simpatia das pessoas que em toda parte me acolhiam com um belo sorriso no rosto.

Falando da comida local, que é de longe o ponto mais favorável de todos, tenho que dizer que é deliciosa. Tacacá, maniçoba, Tucupi, bolo de tapioca… Tem tanta coisa diferente e tantas texturas/sabores ímpares que em uma semana seria impossível apreciar tudo. O meu prato favorito foi o Tacacá – uma espécie de sopa de camarão com caldo de mandioca e uma folha verde. De forma geral a comida é bastante suave e creio que agrada grande parte dos paladares. É uma gastronomia baseada em peixes e folhas, pois é o abundante na região, sem temperos fortes e com bastante mandioca.

A arquitetura de Belém é grandiosa. Você não espera muito isso da cidade, mas vai encontrar lindas janelas, cada chão de madeira polida e lustres glamourosos. Não sei se é devido a presença dos rios, mas o contraste dessa imponência com musgos e um clima altamente úmido é interessante. Me dez pensar em tantas coisas. Sobretudo naquela hora sagrada que chove todo santo dia, sem exceção.

Para encerrar, sinto que vou precisar voltar a Belém ainda muitas vezes. Sem dúvida é uma grande aventura. Por isso recomendo a todos a visita desde que estejam preparados. preparados para encontrar o desconhecido, comidas gostosas, um povo acolhedor e acima de tudo, uma natureza que te engole. Afinal, a Amazônia é a maior floresta do mundo e isso não é por acaso.

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